Não por acaso, a missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) que está no Brasil para acompanhar as eleições emitiu um alerta sobre o impacto que as fake news causaram no pleito.
"O fenômeno que estamos vendo no Brasil não tem precedentes, fundamentalmente por uma razão", disse a chefe da missão, Laura Chinchilla, em relação à divulgação de fake news. "No caso do Brasil, está se utilizando a rede privada, que é o WhatsApp. É uma rede que apresenta muitas complexidades para que as autoridades possam acessar e investigar. É uma rede que gera muita confiança nas pessoas porque são pessoas próximas a elas que mandam as notícias", disse, em entrevista ao Portal UOL (confira o texto na íntegra aqui).
Em Mato Grosso do Sul não foi diferente. Choveram fake news no WhatsApp, no grupo da família, da faculdade, nos posts do Facebook. Mas, na reta final da campanha ao Governo do Estado, um episódio esclareceu um pouco a forma como tentam levar o eleitor a crer em uma informação que não condiz com a verdade.
Faltando três dias para a definição do segundo turno, o integrante de um grupo de WhatsApp formado por jornalistas do Estado encaminhou dois prints de notícias alarmantes sobre o adversário do candidato que ele apoia.
Mas ele se esqueceu que a suposta autora da matéria também estava no grupo e, ao ser questionada sobre a veracidade do conteúdo, reagiu na hora dizendo que não havia escrito aquilo. Indignou-se. Desabafou para os demais colegas jornalistas sentindo-se vítima de uma "sacanagem". Era a confirmação incontestável de que se tratava de uma fake news.
E daquelas que usa um recurso grosseiro, porém eficaz, para dar à mentira um tom de credibilidade. Utiliza-se o “fundo” de um site real – neste caso, o site do jornal Correio do Estado, um dos mais tradicionais da mídia local – e todo layout dele é mantido: a fonte, as cores, a disposição do texto, tudo. Por isso mesmo é que o nome da repórter acabou ficando ali, porque fazia parte do conteúdo original da página do Correio do Estado.
Mas, onde estava o título, foi inserido outro, assim como no corpo do texto. E voilá, temos uma notícia falsa com cara de verdadeira. Ao bater o olho, qualquer leitor acredita ser, de fato, uma notícia do Correio do Estado.
O próprio jornal publicou uma nota alertando os leitores de que havia sido vítima de uma falsificação: “Portal Correio do Estado é alvo de fake News”. Leia aqui.
Olhares mais atentos, depois, começaram a notar algumas edições que entregaram a mentira: uma fonte diferente no local onde estaria a data de publicação do texto, outra onde seria o título.
Não se sabe de onde o print da notícia veio. Quem foi o responsável por forja-lo. Mas o caso serviu para provar que as fake news estão aí. Laura, a líder da missão da OEA, pediu, ainda segundo as declarações divulgadas pelo UOL, que os cidadãos façam "um esforço para discriminar o que é certo e o que não". "Vamos sublinhar a importância de que o voto no segundo turno seja racional, informado e não um voto movido por muitos dos sentimentos das notícias falsas".
É uma boa dica.
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