Nosso Manifesto
Motivado pelas preocupações decorrentes da atual conjuntura política do país, um grupo de jornalistas decidiu se reunir em defesa da democracia. A disseminação de notícias falsas, ameaças a profissionais e censura já afetam diretamente o exercício da profissão. Por isso, foi criada a frente ampla e suprapartidária “Jornalistas pela Democracia-MS”.
A onda de violência e barbárie, incentivada pelo discurso de ódio do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), é exatamente o contrário dos princípios basilares da democracia, matriz essencial da profissão de jornalista.
Pela manutenção e reforço de garantias inegociáveis, como a liberdade de expressão, igualdade e isonomia, liberdade de imprensa, direito de reunião, prevalência dos direitos humanos, direito à ampla defesa do contraditório, transparência e acesso à informação, dentre muitos outros direitos sempre ameaçados e constantemente criticados, zombados e relativizados pelo presidenciável e parte considerável de seus apoiadores, declaramos nossa sólida e irredutível defesa do Estado democrático de direito.
Este manifesto poderia restringir-se apenas à defesa da nossa categoria para justificar nossas causas e motivações, porém, em tempos de ódio endêmico, sadismo latente e reafirmações frequentes de crimes imprescritíveis contra a humanidade, como tortura e racismo, entendemos que isso afeta a sociedade como um todo. A LGBTfobia, intolerância religiosa, machismo, xenofobia, incitação à cultura do estupro e o desprezo à situação de vulnerabilidade econômica e miséria de grande parcela da população também fazem parte desse discurso que não nos representa.
Por isso, evocamos a Constituição Cidadã de 1988, que nos garante direitos fundamentais.
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
Tais princípios também estão expressos no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros. O artigo 3º ratifica que "o exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social e de finalidade pública".
Traz, também, em seu artigo 6º, item I, que é dever do jornalista "opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos".
O preâmbulo da Constituição Federal dispensa mais palavras. Posicionamo-nos, de forma veemente, contra qualquer discurso que soe como atentado aos preceitos e princípios presentes em nossa Carta Magna e em outros documentos, como por exemplo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, uma das primeiras manifestações das Nações Unidas, que fundamenta o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, tratados dos quais o Brasil é signatário.
Jornalista tem lado. O da Democracia.
Frente Jornalistas Pela Democracia MS